Etnoecologia indígena: saberes e fazeres culturais no cotidiano Tentehar

Autores

  • Maria José Ribeiro de Sá Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Maranhão
  • Maria das Graças Silva Universidade do Estado do Pará

DOI:

https://doi.org/10.20435/tellus.v17i33.447

Palavras-chave:

etnoecologia, saberes culturais Tentehar, tradição oral, conhecimentos tradicionais.

Resumo

Descreve e analisa as culturas que informam a etnoecologia dos Tentehar, inscrita nos saberes e fazeres da vida cotidiana e na ancestralidade da Aldeia Indígena Juçaral, localizada na porção sudoeste da terra indígena Arariboia, situada no município de Amarante, MA. Visa ao conhecimento, à compreensão e à visibilização de seus saberes e práticas culturais como espaços de sociabilidade, reconhecimento da ancestralidade e da tradição oral por meio da análise reflexiva dos achados da pesquisa. Origina da seguinte questão de pesquisa: Que saberes culturais locais podem ser identificados nos processos e práticas sociais cotidianas dos Tentehar da aldeia Juçaral? A abordagem metodológica foi a qualitativa, com os procedimentos de uma pesquisa etnográfica aplicada à educação. A produção dos dados permitiu a construção de uma cartografia de saberes e práticas culturais presentes nesse cotidiano. Os resultados indicam que ainda é preservado um conjunto de saberes culturais relacionados à tradição oral dos Tentehar, sustentado numa relação de proximidade com os seres da natureza e em constante diálogo com o sobrenatural; na floresta, nas matas está fincada a base da sua vida material. Esses saberes podem ser observados nos seus diferentes rituais. Rituais que promovem o enraizamento cultural reatualizando eventos do cotidiano e regras culturais. Dessa forma, evocam a identidade cultural e o ethos dos Tentehar, em uma relação simbiótica entre natureza e a sobrenatureza.

Biografia do Autor

Maria José Ribeiro de Sá, Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Maranhão

Mestre em Educação pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). É graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão (2008). Possui especialização em Metodologia do Ensino Superior pela UEMA (2003) e bacharelado em Administração de Empresas pela Universidade Estadual do Maranhão (2001). É Pedagoga do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Maranhão Campus Imperatriz, atuando no Departamento de Ensino Superior. Coordena atualmente o Núcleo de Estudos Afrobrasileiro e Indígena do Campus Imperatriz. É membro do grupo de pesquisa em Ensino de Física e Astronomia, da Comissão de Avaliação de Projetos de Extensão. Coordena desde 2011 do projeto de extensão De Olho no Céu. Faz parte da comissão de normalização de produções científicas.É membro da comissão permanente de avaliação institucional - CPA; Tem experiência em Educação atuando principalmente nos seguintes temas: Educação Indígena, Educação Escolar Indígena, Educação Intercultural.

Maria das Graças Silva, Universidade do Estado do Pará

Socióloga, doutora em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ), professora adjunta III da Universidade do Estado do Pará vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED/UEPA), coordena o grupo de Pesquisa Educação e Meio Ambiente (Grupema). Email: magrass@gmail.com.

Referências

ABBEVILLE, C. D’. História da missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão e terras circunvizinhas. Tradução de Sérgio Milliet. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2008.

ALBUQUERQUE, M. B. B. Beberagens indígenas e educação não escolar no Brasil colonial. Belém, PA: FCPTN, 2012.

ANDRÉ, M. E. D. A. de. Etnografia da prática escolar. Campinas, SP: Papirus, 2007.

ANGROSINO, M. Etnografia e observação participante. Porto Alegre: Artmed, 2009.

BARROS, M. M. dos S.; ZANNONI, C. Reflexões sobre a festa do mel tenetehara. Cadernos de Pesquisa, São Luís, MA, v. 17, n. 1, p. 28-35, jan./abr. 2010.

BRANDÃO, C. R. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2006.

______. A educação como cultura. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2002.

CASCUDO, L. da C. Dicionário do folclore brasileiro. 12. ed. São Paulo: Global, 2012.

CASTORIADIS, Cornélius. A instituição imaginária da sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 1982.

CERRATINGA. Buriti. [s.d.]. Disponível em: <http://www.cerratinga.org.br/buriti>. Acesso em: 14 abr. 2017.

CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

FARES, J. A. Cartografia poética. In: OLIVEIRA, I. A. de (Org.). Cartografias ribeirinhas: saberes e representações sobre práticas sociais cotidianas de alfabetizandos amazônidas. Belém, PA: EDUEPA, 2008. p. 101-110.

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

GHEDIN, E.; FRANCO, M. A. S. Questões de método na construção da pesquisa em educação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

LÉVI-STRAUSS, C. O pensamento selvagem. 8. ed. Campinas, SP: Papirus, 1979.

LOUREIRO, J. de J. P. Olhar ontológico. In: MAUÉS, R. H.; VILLACORTA, G. M. (Org.). Pajelanças e religiões africanas na Amazônia. Belém, PA: EDUFPA, 2008. p. 357-60.

LOUREIRO, V. Amazônia: estado, homem, natureza. Belém, PA: CEJUP, 1992.

MARTINS, J. de S. Sociologia da fotografia e da imagem. São Paulo: Contexto, 2008.

MCLAREN, P. Rituais na escola: em direção a uma economia política de símbolos e gestos na educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992.

MUNDURUKU, D. O caráter educativo do movimento indígena brasileiro (1970-1990). São Paulo: Paulinas, 2012.

OLIVEIRA, I. A.; MOTA NETO, J. C. da. A construção das categorias de análise na pesquisa em educação. In: OLIVEIRA, I. A.; MARCONDES, M. I.; TEIXEIRA, E. (Org.). Abordagens teóricas e construções metodológicas na pesquisa em educação. Belém, PA: EDUEPA, 2011. p. 161-79.

PANTOJA, M. C. et al. O potencial do guarumã como bioadsorvente para remoção de metais em solução aquosa. 2015. Disponível em: <http://www.abq.org.br/cbq/2015/trabalhos/5/7358-21143.html)>. Acesso em: 14 abr. 2017.

RIBEIRO DE SÁ, Maria José. Saberes culturais Tentehar e Educação Escolar Indígena na Aldeia Juçaral. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade do Estado do Pará (UEPA), Belém, PA, 2014.

RODRIGUES, D. de S. S. et al. Cultura, cultura popular amazônica e a construção imaginária da realidade. In: OLIVEIRA, I. A. de; SANTOS, T. R. L. dos (Org.). Cartografias de saberes: representações sobre a cultura amazônica em práticas de educação popular. Belém, PA: Eduepa, 2007. p. 21-36.

SILVA, M. das G. et al. Cartografias e método(s): outros traçados e caminhos metodológicos para a pesquisa em educação. In: OLIVEIRA, I. A.; MARCONDES, M. I; TEIXEIRA, E. (Org.). Abordagens teóricas e construções metodológicas na pesquisa em educação. Belém, PA: EDUEPA, 2012. p. 59-78.

SZYMANSKI , H. (Org.). A entrevista na educação: a prática reflexiva. 4. ed. Brasília: Líber Livro, 2004.

VIVEIROS DE CASTRO, E. A inconstância da alma selvagem – e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.

WALGLEY, C.; GALVÃO, E. Os índios tenetehara (uma cultura em transição). Brasília: Ministério da Educação e Cultura, Departamento de Imprensa Nacional, 1961.

ZANNONI, C. Conflito e coesão: o dinamismo tenetehara. Brasília: Conselho Indigenista Missionário, 1999.

Downloads

Publicado

2017-09-01

Como Citar

Ribeiro de Sá, M. J., & Silva, M. das G. (2017). Etnoecologia indígena: saberes e fazeres culturais no cotidiano Tentehar. Tellus, 17(33), p. 91–113. https://doi.org/10.20435/tellus.v17i33.447