Povos indígenas da Amazônia: do caminho da canoa à ressignificação das culturas e línguas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/tellus.vi44.726

Palavras-chave:

sociolinguística, cultura amazônica, tronco linguístico, ressignificação

Resumo

Este artigo traz um relato sobre as experiências dos povos indígenas da Amazônia na construção e uso de embarcações bũgu (casco de tronco de árvore) e igara (canoa de madeira) desde a chegada das primeiras civilizações na região amazônica, assim como a evolução que ocorreu na construção de embarcações de grande porte como igarité (barco) e igaritéasu (navio) com a chegada dos europeus, e posteriormente, se faz uma breve analogia entre tronco da árvore e tronco linguístico relacionando aos povos indígenas que perderam suas línguas maternas e adotaram como língua de comunicação o Nheengatu. A metodologia utilizada foi de abordagem etnográfica. O estudo faz parte do projeto de doutorado em andamento: A situação sociolinguística e de letramento em nheengatu dos alunos e professores das escolas indígenas do município de Manaus, cujo objetivo nesse trabalho foi de contextualizar os aspectos socioculturais à situação sociolinguística desses povos a partir de suas vivências e experiências do dia a dia ao processo de aquisição e uso da língua Nheengatu, fazendo uma breve analogia entre o termo tronco da árvore e o termo tronco linguístico. O estudo constatou, a partir do contexto sociocultural, que os povos indígenas constroem e usam o bũgu desde suas primeiras gerações, o qual faz parte da cultura da população amazônica e é utilizado como o principal meio de transporte nos rios ygarapé (caminho da canoa) na Amazônia, e no contexto sociolinguístico, averiguamos que os povos Baré, Mura e Warekena perderam suas primeiras línguas maternas e assimilaram a língua Nheengatu e o português brasileiro.

Biografia do Autor

Ademar dos Santos Lima, Universidade de Brasília (UNB)

Doutorando em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB). Mestre em Letras e Artes pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Licenciado em Letras/Língua e Literatura Inglesa pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Professor de Nível Superior na Secretaria Municipal de Educação de Manaus.

Rosineide Magalhães de Sousa , Universidade de Brasília (UNB)

Pós-doutorado em Linguística Aplicada pela Universidade de Campinas. Doutora em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB). Mestre em Linguística pela UnB. Graduada em Letras pela Universidade Católica de Brasília. Professora associada na Universidade de Brasília (UnB). Atua na Licenciatura em Educação do Campo, na área de linguagem, e na pós-graduação em Linguística. É líder do grupo de pesquisa (Socio) Linguística, Letramentos Múltiplos e Letramento, certificado pelo CNPq.

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Publicado

2021-08-16

Como Citar

dos Santos Lima, A., & Magalhães de Sousa , R. (2021). Povos indígenas da Amazônia: do caminho da canoa à ressignificação das culturas e línguas. Tellus, (44), 31–52. https://doi.org/10.20435/tellus.vi44.726