Curt Nimuendajú e a história Ticuna: elementos para uma reflexão crítica sobre a etnografia e o estatuto da etnologia

Autores

  • João Pacheco de Oliveira

Resumo

Frequentemente o trabalho etnográfico é descrito como uma experiência de laboratório, envolvendo sujeito e objeto de conhecimento dentro de um processo interativo conduzido pelo primeiro e com finalidades exclusivamente científi cas. Os indígenas, objeto daetnologia, estão inseridos, contudo, dentro de uma teia de relações de dominação na qual o etnógrafo, queira ou não, é forçado a colocarse. Suas estratégias de trabalho desenvolvem-se assim dentro de um quadro de expectativas e antagonismos que releem por completo assuas ações e motivações. A pesquisa de Curt Nimuendajú entre osTicuna foi aqui estudada utilizando-se da noção de situação etnográfica como um instrumento analítico indispensável para compreender as diferentes etapas de sua investigação. A complexidade social da relação etnógrafo/indígena só se torna compreensível quando a vemos como uma tríade, o terceiro vértice sendo representado pelos seringalistas (“patrões” dos indígenas), o que permite captar a dinâmica social em que a sua pesquisa está inserida, com um acirramento do conflito entre os seringalistas e o etnógrafo, que resulta na violenta interrupção de seu trabalho de campo e, por fim, na sua morte.

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Publicado

2014-11-18

Como Citar

de Oliveira, J. P. (2014). Curt Nimuendajú e a história Ticuna: elementos para uma reflexão crítica sobre a etnografia e o estatuto da etnologia. Tellus, (24), 227–259. Recuperado de https://www.tellus.ucdb.br/tellus/article/view/45