Corpo e pessoa entre interlocutores terena

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/tellus.v18i37.519

Palavras-chave:

Terena, corpo, pessoa, etnologia sul-americana.

Resumo

Partindo do tema da corporalidade e da noção de pessoa, pretende-se uma reflexão sobre o okóvo, centro perceptivo que os Terena traduzem como ventre, mas também como alma, e que pode ser entendido como sede das emoções. Os Terena explicam que o corpo pensa e, na medida em que pensa, sente. Mas a ideia que fazem sobre o corpo sugere que este não pode ser visto fora de uma totalidade, como esquema individualizado, indivisível e limitado por oposição a outros sujeitos. O corpo, conforme pensado e vivido pelos Terena, é plural e compósito; não reconhece a unidade, mas a relação.

Biografia do Autor

Patrik Thames Franco, Universidade do Estado de Mato Grosso

Antropólogo. Atua como docente, categoria substituto, na Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), campus de Nova Xavantina (MT). Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás (UFG), mestre em Antropologia pela Universidade de Brasília (UnB) e doutorando em Antropologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Referências

ALTENFELDER SILVA, Fernando. Mudança cultural dos Terena. Revista do Museu Paulista, São Paulo, v. 3, separata, 1949.

BACH, J. Datos sobre los Indios Terenas de Miranda. In: Anales de la Sociedad Cientifica Argentina, Buenos Aires, v. 82, 1919.

BALDUS, Herbert. Lendas dos índios Terena. Revista do Museu Paulista, São Paulo, v. IV, 1950.

BUTLER, Nancy; EKDAHL, Elizabeth M. Aprenda Terena. Brasília: SIL, 1979. v. I e II.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. Viagem ao Território Terêna. In: ______. Os diários e suas margens: viagem aos territórios Terêna e Tükúna. Brasília: Ed. UnB, 2002.

______. Do índio ao bugre: o processo de assimilação dos Terêna. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976.

______. Urbanização e tribalismo: integração dos índios Terêna numa sociedade de classes. Rio de Janeiro: Zahar, 1968.

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Os mortos e os outros: uma análise do sistema funerário e da noção de pessoa entre os índios Krahó. São Paulo: Hucitec, 1978.

CHAUMEIL, Jean-Pierre. Ver, saber, poder: el chamanismo de los Yagua de la Amazonía Peruana. Lima, Peru: CAAP/IFEA/CEA-CONICET, 1998.

CONKLIN, Beth A. Thus are our bodies, thus was our custom: mortuary cannibalism in an Amazonian society. American Ethnologist, v. 22, n. 1, p. 75-101 , fev. 1995.

DA MATTA, Roberto. Um mundo dividido: a estrutura social dos índios apinayé. Petrópolis, RJ: Vozes, 1976.

DUMONT, Louis. Homo Hierachicus: o sistema de castas e suas implicações. São Paulo: EDUSP, 1997.

______. O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. Rio de Janeiro: ROCCO, 1985.

FERREIRA, Andrey Cordeiro. Tutela e resistência indígena: etnografia e história das relações de poder entre os Terena e o Estado Brasileiro. São Paulo: Edusp, 2013.

HUGH-JONES, Stephen. The gun and the bow: myths of white men and indians. In: L'Homme, tomo 28 n. 106-107, p. 138-55, 1988.

LEA, Vanessa R. Riquezas intangíveis de pessoas partíveis: os Mẽbêngôkre (Kayapó) do Brasil Central. São Paulo: Edusp/FAPESP, 2012.

______. Nomes e nekrets Kayapó: uma concepção de riqueza. 1986. Tese (Doutorado em Antropologia) - Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, 1986.

LEENHARDT, Maurice. Do Kamo: la personne et le mythe dans le monde mélanésien. Paris: Gallimard, 1947.

MAUSS, Marcel. Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a de 'eu'. In: ______. Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.

PEREIRA, Levi Marques. Os Terena de Buriti: formas organizacionais, territorialização e representação da identidade étnica. Dourados, MS: Ed. UFGD, 2009.

PERINI DE ALMEIDA, Carolina. Os troncos, suas raízes e sementes: dinâmicas familiares, fluxos de pessoas e história em aldeias terena. 2013. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Departamento de Antropologia, Universidade de Brasília (UnB), Brasília, 2013.

SCANONI GOMES, Luciana. Cerâmica Terena: relações e transformações. 2013. Qualificação (Mestrado em Antropologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, 2013.

SEEGER, Anthony. Os velhos nas sociedades tribais. In: ______. Os índios e nós: estudos sobre sociedades tribais brasileiras. Rio de Janeiro: Campus, 1980.

SEEGER, Anthony; DA MATTA, Roberto; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A construção da pessoa nas sociedades indígenas brasileiras. Boletim do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v. XXXII, 1979.

SILVA, Denise. Estudo lexicográfico da Língua Terena: proposta de um dicionário bilíngue terena-português. 2013. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara, SP, 2013.

STRATHERN, Marilyn. O gênero da dádiva: problema com as mulheres e problema com a sociedade na Melanésia. Campinas, SP: Ed. da Unicamp, 2006.

SURRALLÉS, Alexandre. Au cœur du sens: perception, affectivité, action chez les Candoshi. Paris: CNRS Éditions / Éditions de la Maison des Sciences de l'Homme, 2003.

TAUNAY, Alfredo. Entre os nossos índios: chanés, terenas, kinikinaus, guanás, laianas, guatós, guaycurús, caingangs. São Paulo: Melhoramentos, 1931.

VILAÇA, Aparecida. Chronically unstable bodies: reflections on amazonian corporalities. Journal of the Royal Anthropological Institute, v. 11, n. 3, p. 445-64, set. 2005.

______. Comendo como gente: formas do canibalismo wari'. Rio de Janeiro: ANPOCS/Ed. da UFRJ, 1992.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. Mana, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 115-44, out. 1996.

WAGNER, Roy. The fractal person. In: STRATHERN, Marilyn; GODELIER, Maurice (Org.). Big men and great men: personifications of power in melanesia. Cambridge: Cambridge University Press, 1991.

WHORF, Benjamin. Language, thought, and reality. Berkeley: University of California Libraries, 1956.

Downloads

Publicado

2018-12-21

Como Citar

Franco, P. T. (2018). Corpo e pessoa entre interlocutores terena. Tellus, 18(37), p. 9–37. https://doi.org/10.20435/tellus.v18i37.519